A resposta mais comum é aquela que nos passam os médicos e nutricionistas: uma dieta rica em frutas, verduras e fibras, pouco açúcar, pouco sal e carne vermelha, alimentos light, margarina em vez de manteiga, óleos vegetais e não de gordura animal e ter cuidado com alimentos calóricos e excitantes, como refrigerantes, café, chocolate e chá preto.
Apesar dessa resposta quase unânime, ainda temos muitas dúvidas sobre qual alimento é bom ou ruim para a saúde, eficaz para engordar ou emagrecer, essencial para prevenir esta ou aquela doença... Afinal, o que precisamos comer para sermos saudáveis?
Povos ancestrais e saudáveis, dependendo da sua situação geográfica, cultura ou religião, ingeriam carne, peixe e gordura animal, leite e ovos, assim como frutas, verduras, grãos integrais, leguminosas, nozes e sementes; tinham em comum a ingestão de alimentos locais, frescos ou pouco processados, provenientes do seu meio e de sua própria cultura alimentar. Seguiam a sazonalidade das suas colheitas e comiam de forma equilibrada todos os alimentos disponíveis. Movimentavam-se regularmente, com atividades variadas. Viviam de forma rítmica e equilibrada, num contexto amplo de qualidade de vida. Essas populações eram livres de cáries dentárias; geravam crianças saudáveis; reproduziam-se sem problemas de esterilidade e doenças coronarianas, câncer e diabetes, lipidemias e pressão alta.
No Brasil, atualmente, encontramos como exemplo de longevidade e saúde a população de descendentes de imigrantes na Serra Gaúcha. A taxa de longevidade dos agricultores dessa região serrana é maior que no resto do país. Apresentam baixo índice de doenças cardiovasculares, depressão e estresse. Permanecem lúcidos, movimentam-se e trabalham até idade avançada, envolvendo-se em atividades sociais e religiosas. A relação familiar é bastante valorizada entre os colonos, que sentem-se seguros na região em que vivem.
A partir dessa abordagem pode-se concluir:
1) Que não existem somente alimentos ou dietas saudáveis: Existe um contexto de vida equilibrado, no qual a alimentação representa um papel importante. Atribuir unicamente à alimentação o resultado de toda uma maneira harmoniosa de viver é simplificar uma ampla proposta de qualidade de vida.
2) A relação equilibrada do ser humano com a natureza é o princípio básico de manutenção da saúde. Esse conceito de saúde foi modificado ao longo da história da humanidade, especialmente a partir do século XVIII, com o surgimento da Medicina Biológica, da Agricultura com base química e com a Nutrição sob o enfoque calórico quantitativo.
Atualmente percebemos o crescimento no consumo de alimentos industrializados e contaminados com resíduos de agrotóxicos, adubos químicos, drogas veterinárias, antibióticos, hormônios e aditivos sintéticos e o significativo aumento de doenças crônico-degenerativas e carenciais. A qualidade da alimentação hoje em dia está baseada fortemente nos aspectos calorias/quantidades dos alimentos, desconsiderando sua origem e modo de produção. Assim a dieta em geral apresenta a excesso de alguns nutrientes e a falta de outros. A ênfase dada aos aspectos de controle de qualidade tem como critério principal a higienização, desconsiderando o valor nutricional e a vitalidade dos alimentos. Uma dietética como a atual, não pode promover saúde – e muito menos prevenir doenças.
A proposta do alimento integral orgânico surge, assim, como uma opção e uma necessidade. O que todas as correntes atuais têm em comum é a busca de um sistema de produção sustentável no tempo e espaço, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais, sem a utilização de produtos químicos agressivos ao ambiente e à saúde do ser humano, mantendo o incremento da fertilidade e a vida dos solos, a diversidade biológica e respeitando a integridade cultural dos agricultores.
A produção de alimentos orgânicos preocupa-se com a saúde ambiental e social, quando aliada à agricultura familiar. O apoio à agricultura familiar orgânica promove o resgate de uma forma de organização social, mais justa e solidária, a partir de uma agricultura verdadeiramente sustentável.
Uma nova maneira de se relacionar com o ambiente e com nosso próximo se faz profundamente necessária hoje. Nosso papel, como consumidores, é apoiar essa forma de produção utilizando alimentos orgânicos sempre que possível, assim num futuro muito próximo os orgânicos poderão estar disponíveis a uma camada mais extensa da população, com preços mais acessíveis.
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